quinta-feira, 19 de abril de 2012

Inverno da Alma


Não importa quanta fé você tenha, e quão firme e inabalável ela seja, toda alma passa por seus “invernos”.
O inverno remete a um período frio, onde as noites são mais longas e os dias mais sombrios, e há uma maior passividade à nostalgia e saudosismo.
Quisera nós fôssemos como inúmeras espécies animais que hibernam durante todo o inverno. Se pudéssemos fechar os olhos durante cada dia negro e só abrir ao despontar dos raios de sol... E a pior parte é que o inverno de cada alma tem sua duração peculiar. Variando de dias, meses, chegando a anos.
Assisti a um filme com esse título, que mesmo não tendo gostado, ressalto a estória que me deixou a pensar:  Uma menina de 17 anos recebe um policial à porta de sua casa, o qual lhe questiona o paradeiro de seu pai. Através dele, ela descobre que seu pai, traficante, dera a casa(único bem da família) em penhor por sua fiança, e que se ele não comparecer para depor em poucos dias, a casa lhes será tomada. A adolescente com uma mãe louca e dois irmãos, um de 12 e uma de 6, e uma casa desprovida até de alimentos sob sua responsabilidade, se vê sem alternativa senão ir à procura desse pai, renunciando seu sonho de servir ao exército. Em sua busca triste, dolorosa e sombria, a garota acaba descobrindo que o pai estava morto e que sua saída é comprovar tal fato. Ao final, após espancarem friamente a protagonista, os responsáveis pelo assassinato de seu pai – diga-se de passagem: seus familiares paternos - a levam até o rio onde afundaram seu corpo e a fazem cortar sua mão para que ao levar à polícia para exames propícios confirmem sua morte. 
Bom, o filme se passa realmente no inverno, ou pelo menos sob baixas temperaturas. Mas não é desse inverno que se trata o título exatamente, mas sobre a frieza e dureza da sombria busca de Ree(a adolescente).
Passar pelo inverno é sem dúvida indesejado por qualquer um, mas se Deus lhe confere o inverno, não há nada melhor a fazer do que enfrentá-lo, assim como a uma tempestade.
O “Inverno da Alma” é uma estação de vazio, solidão, incerteza e insegurança. Há na Bíblia inúmeros exemplos de servos de Deus fiéis que enfrentaram tal estação, porém o importante não é citar quem passou por ela e sim como passou. Há um belo exemplo a meu ver de alguém que sofreu recorrentes invernos, e que tirou de sua dor os seus mais belos escritos que consolam a alma de aflitos que vivem momentos tenebrosos: Davi.
Davi escreveu no Salmo 55: “Dá ouvidos, ó Deus, à minha oração; não te escondas da minha súplica. Atende-me e responde-me; sinto-me perplexo em minha queixa e ando perturbado, (...). Estremece-me no peito o coração, terrores de morte me salteiam; temor e tremor me sobrevem, e o horror se apodera de mim”. Fico pensando se essa foi apenas uma oração de Davi ou se tornou pra ele uma reza em dias de inverno, pois durante o mais duro inverno que minha alma viveu até o momento, lembro-me quantos dias, e muitos dias, essa, tão somente essa, era a minha oração, além das palavras: “Tem misericórdia de mim o Deus!”.
Outras palavras de Davi ora ou outra também ecoam em minha mente: “Mas eu, como surdo, não ouço e, qual mudo, não abro a boa. Sou, com efeito, como quem não ouve e em cujos lábios não há réplica”(Salmo 38:13-14). A dor de Davi fora tão grande em dados momentos, e a situação tão adversa que nada podia fazer a não ser se calar, e fazer-se de surdo, pois não podia ou de nada valeria sua contestação. Ás vezes a única coisa que podemos fazer é esperar, como ele o fez: “Pois em ti, Senhor, espero; tu me atenderás, Senhor, Deus meu”(Salmo 38:15).
Mas sábias palavras também escrevera seu filho Salomão em Eclesiastes 7:3: “Melhor é a mágoa do que o riso porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração”. Salomão escrevera como perito de tal argumento, porque encontra em sua própria história pessoal e familiar solidez para sua tese.
Deus nos dá dias de alegria e dias de tristeza também, não estamos isentos de passarmos por tempestades de inverno, e muito menos de sairmos ilesos delas, porém há  propósito em ambos, e se há sorrisos no dias de verão é porque os dias de inverno anteriormente foram enfrentados.
No dia da prosperidade, goza do bem; mas, no dia da adversidade, considera em que Deus fez tanto este como aquele(Eclesiastes 7:14a)”.
Eu suscito a velha lição da lagarta que necessita de seus dias de casulo para que se torne uma deslumbrante borboleta. Ela não dorme, muito menos hiberna, ela constrói seu casulo, sua própria prisão, e nela aguarda ansiosa, não ociosa, mas inerte, até que sua transformação se complete.
Só de escrever sobre os “Invernos da Alma”, sinto o vento frio bater em minha janela, e o ressoar das cortinas balançando...


Brunna Stefanya Leal Lima Cabral
 
Caso deseje citar integral ou parcialmente este texto, favor citar a autora e a fonte, exceções conceituam-se plágio.
 Leia também: Encontrando Deus
 


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